Festival de Cannes proíbe nudez no tapete vermelho

Nas vésperas do Festival de Cannes foi publicado um comunicado esclarecendo sobre o dress code, e o que está gerando mais polêmica, é a regra de proibir a nudez no evento. Diante de um momento conservador que estamos presenciando, e que influencia diretamente na moda, essa regra reflete uma busca por controle do corpo feminino. Mas por outro lado, será que é realmente necessário que corpos femininos sejam tão expostos para serem vistos?

Sim, estamos falando do mesmo festival que contempla produções que expõem corpos femininos nus nas telas, e a um primeiro momento, soa como uma grande hipocrisia. Mas se nos lembrarmos de poucos meses atrás, quando Kanye West usou o corpo de Bianca Censori nua para chamar atenção da mídia e “vender” o seu último álbum, é de se questionar até que ponto esta nudez que nós vimos nos tapetes vermelhos é uma escolha dessas mulheres, e até que ponto isso é saudável? E principalmente: ESSA NUDEZ FAVORECE A QUEM?

Bianca Censori: Quem é A Peladona Do Grammy 2025?

Por um ponto de vista feminista, a exposição do próprio corpo e a auto-sexualização é um direito de cada mulher, uma escolha, já que somos donas dos nossos próprios corpos. Porém, o ato de sexualizar-se não é um ato feminista, pois a nudez não subverte as estruturas de poder -muito pelo contrário, quem mais se favorece com a nudez feminina são os próprios homens que nos colocam na posição de objetos. Enquanto olhamos para a nudez feminina como uma ferramenta de “empoderamento” estamos, de certo modo, esvaziando a pauta feminista. A nudez de corpos femininos – que sempre foram sexualizados e objetificados – não é uma ferramenta de poder do feminismo, ela é APENAS uma escolha que o feminismo garante às mulheres.

Por um ponto de vista mais crítico: sabemos que o que as celebridades vestem nestes eventos são escolhas feitas por stylists, e claro que estas escolhas precisam ser aprovadas por elas. Mas será que, em tempos de redes sociais, onde tudo vai para o universo online em segundos e todo mundo quer ser visto, estas escolhas não acabam muitas vezes sendo feitas para alimentar o algoritmo com estratégias virais? Se voltamos para Bianca Censori, vemos como a estratégia funcionou, pois ela foi assunto por semanas a fio, e daquele tapete vermelho, só se falava nela. Então será que esta exposição do corpo que muitas vezes cai em nudez não é mais uma busca pela atenção do que a própria vontade de usar? E não me entenda mal: eu acredito e defendo que a moda precisa ser livre e que todos nós merecemos esta liberdade. Mas até que ponto esta nudez é liberdade, ou é mais uma “prisão” na busca pelo hype?

Leila Depina, no Festival de Cannes de 2023. Foto: Getty Images

Outra questão a se levantar: estas regras impactam diretamente nos looks das mulheres, porque somente as mulheres são expostas. Não existe uma “versão masculina da Bianca”, não vemos corpos de homens sendo sexualizados. Mesmo que o contexto seja outro, e que a mulher esteja no seu poder de escolha, de certo modo a história se repete. De um jeito ou de outro, busca-se manter o controle dos nossos corpos.

Por outro lado, também não queremos uma amostra de “moda modesta” no tapete vermelho: queremos ver surpresa, impacto, originalidade, sensualidade, beleza, e nada disso se conquista fazendo mais do mesmo. Além disso, essa mudança em cima da hora é um desafio – e um desrespeito – com os stylists que já haviam com toda certeza corrido muito para fazer este momento acontecer, e agora, muitos terão que mudar seus planos em cima da hora.

Aishwarya Rai Bachchan no Festival de Cannes 2024: Foto: reprodução.

Além da proibição da nudez, o evento proibiu vestidos com caudas excessivamente longas (o que é excessivo?) alegando que estas modelagens atrapalham em questões logísticas, como a movimentação de outros convidados – o que fere diretamente a liberdade criativa especialmente para um tapete vermelho, que é uma das poucas ocasiões onde estes trajes são usados.

Assunto polêmico para começar a semana, com opiniões divergentes e uma única certeza: estamos todos curiosos para ver o que vai rolar.

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