Se eu disser que mesmo tendo assistido à série e já saber muito do que encontraria na leitura de Mindhunter, e mesmo assim me surpreendi, você acredita? Este livro é de um impacto muito grande para o leitor, mas também tem um conteúdo intrigante e que nos faz pensar muito. Escrito por John Douglas e Mark Olshaker em 1995, foi adaptado em 2017 a uma série produzida pela Netflix.
John Douglas
“Foi fundador e chefe da Unidade de Apoio Investigativo do FBI, ajudou a desenvolver e estabelecer a prática de análise de perfis para a resolução dos casos mais assustadores envolvendo serial killers nos Estados Unidos. É autor de diversos livros sobre a mente dos assassinos e sobre os procedimentos de análise de perfis de criminosos.”
Mark Olshaker
“É escritor, diretor e produtor. Recebeu um Emmy pelo documentário Roman City.”
Sobre Mindhunter
John Douglas teve um papel fundamental para os estudos da ciência comportamental. Buscav não somente prender e punir os mais perigosos assassinos, como entendê-los. E para isso arriscou-se a conhecer os pensamentos, as motivações, traumas, e personalidades de serial killers condenados pelos assassinatos mais complexos e aterrorizantes. Deslocou-se até os presídios onde estes homens temidos por toda uma nação estavam, assinando um termo de responsabilidade pela própria segurança a fim de entrevistá-los.
O primeiro serial killer a ser entrevistado foi Edmund Kemper, em Vacaville. Conhecido como Ed Kemper, foi condenado por assassinar mulheres após lhes oferecer carona, e por ultimo sua própria mãe, num total de 10 assassinatos. Ao conhecer Ed kemper, os agentes perceberam que mais do que um assassino, era um homem inteligente, bem educado e aparentemente calmo. Era como se aquele homem fosse incapaz de cometer todos aqueles crimes. Após algumas “sessões” de diálogo com Kemper, perceberam que ele tinha sentimentos de profunda revolta contra a própria mãe e que na sua adolescência foi profundamente desprezado por ela. Jerry Brudos, condenado por estrangular e matar mulheres jovens e bonitas, ficou conhecido por ter um estranho fetiche por sapatos femininos. Quando foi entrevistado, revelou em um momento de sua infância, ter encontrado um par de sapatos femininos no lixo e levado para casa para brincar. A reação de sua mãe não foi das melhores e ele foi severamente castigado por isso e proibido de usar aqueles sapatos.
Após muito observar e conhecer dos assassinos em série que estavam entrevistando, e com toda a experiência no FBI, John conseguiu pensar como um serial killer, imaginar quais seriam suas motivações e qual seria a satisfação do ato, desta forma, prevendo ações e identificando padrões entre crimes e criminosos. Mas as observações de Mindhunter nos levam além, e nos deixam um questionamento: será que se alguns desses criminosos, como Ed Kemper e Jerry Brudos, não tivessem sofrido traumas, desprezo, violência doméstica, teriam eles se tornado assassinos tão perigosos? Será que eles já tinham uma “pré-disposição” ao crime? Porque existem muitas pessoas que sofrem o mesmo tipo de violência e desprezo da família e não se tornam assassinos? Todos os criminosos sabiam da gravidade dos seus crimes, mas o que os teria de fato motivado a cometerem tamanha crueldade?
Sem dúvida, é um livro para ser devorado por despertar uma curiosidade insaciável no leitor. A escrita é muito bem fluída e direta, conta detalhes principais de cenas de crimes, que impressionam e para alguns pode ser um pouco incômodo, então esteja preparado para uma narrativa de cenas fortes. Mas, apesar do impacto, vale muito fazer a leitura, pois além de matar a curiosidade sobre mentes que a princípio parecem impossíveis de compreender, é um livro rico em conhecimento. Além de tudo a edição traz imagens dos principais serial killers citados, de John Douglas, Mark Olshaker e de outros membros importantes para os estudos da Ciência Comportamental.
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