Escrito por Chimamanda Ngozi Adichie, Hibisco Roxo é um reflexo duro e realista de como a religião pode controlar a vida de algumas pessoas, principalmente em culturas mais conservadoras, chegando a levar até mesmo a atos de violência.
Chimamanda Ngozi Adichie
Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana, teve suas obras traduzidas para mais de trinta países. É reconhecida como uma das mais importantes jovens autoras a cativar uma geração de leitores de literatura africana. Ela foi a primeira mulher a ser Chefe da Administração da Universidade da Nigéria.
Sobre Hibisco Roxo
Hibisco Roxo foi publicado em 2003, e conta a história da adolescente Kambili e sua família. Seu pai é extremamente católico, impõe uma educação rígida a ela e seu irmão, e um tratamento de extrema autoridade para com sua mãe. Dono de uma fábrica de biscoitos, tem uma condição financeira melhor do que muitos em sua vila, e usa dessa condição para ajudar as pessoas. Conhecido por muitos como um homem bom, Papa, como é chamado, é generoso com as pessoas onde mora, porém, essa bondade se transforma em intolerância quando se tratam de assuntos de família. Por ser muito religioso, Papa é duro com seus filhos e esposa, julgando a pequenas atitudes como atos de pecado imperdoáveis e sempre os pune de forma física. Apesar de assumir um comportamento considerado comum, com o passar do tempo passa a ser cada vez mais agressivo e seus castigos passam a machucar seriamente a sua esposa e filhos, sempre usando a religião como forma de justificativa para a sua violência.
Minha Opinião Sobre Hibisco Roxo
Hibisco Roxo é um romance com um ritmo bem linear, apesar de ter momentos de tensão, isso é escrito de maneira muito sutil, mas mesmo assim não deixa de ser bastante tocante em alguns pontos da leitura. A história denuncia uma cultura de machismo e violência, mascarada pela religião, e em como as religiões conservadoras contribuem para a continuidade e o fortalecimento do machismo nas sociedades atuais. A mãe de Kambili que sofre com a violência por parte do marido se recusa a buscar ajuda ou deixá-lo, com medo do que possa acontecer, e além disso, é considerado “normal” que o homem puna os filhos e esposa com agressões físicas, pois de acordo com a religião, é um castigo necessário para que Deus “os perdoe de seus pecados”. Apesar de ter um enredo triste, é leve e tem seus momentos de doçura também, e essa é uma característica que eu gosto na autora, ela consegue abordar temas duros mas com uma leitura bem fluída.
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