Três de junho de 2020. O futuro já chegou: a tecnologia nos permite fazer (quase) tudo em telas minúsculas que cabem na palma das mãos. Nós temos o mundo nas mãos, e todo tipo de informação que precisamos em poucos segundos. Mas ao mesmo tempo em que tanto avanço nos permite fazer coisas antes nunca imaginadas, nós vivemos um retrocesso que nos arrasta com peso a um passado doloroso, que não deveria nos servir para nada além de exemplo do que não fazer.
Os riscos da desinformação
Os Perigos do Negacionismo Histórico e CientíficoAo assistir às aulas de história, eu quando mais jovem ficava me perguntando como em sã consciência, alguém poderia apoiar o discurso de Hitler. Como em sã consciência alguém poderia escravizar um ser humano por causa de sua cor. Como em sã consciência alguém poderia tratar uma pessoa negra como alguém inferior por causa de uma característica tão banal como a cor de pele. Tudo isso parecia distante e incabível, não só para uma realidade atual, mas parecia algo inaceitável até para tempos mais antigos. E o mais incrível, é que nos dias atuais, com tanto acesso à informação (se você pode ler isto agora você pode buscar por qualquer outro tipo de informação), o passado sangrento a que antes nos envergonhávamos está sendo revisto, revivido, como se precisássemos disso para saber os resultados catastróficos que podem chegar.
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Imagem reprodução Instagram: Café Com Sociologia |
Em meio ao caos que enfrentamos com o avanço do COVID-19, o mesmo governo que socorre aos bancos movimentando TRILHÕES do dinheiro pago por NÓS, em um dos países mais caros e cheio de impostos do mundo, se diz impotente em acolher a população mais carente. No segundo país que mais sofre com o coronavírus no mundo, o presidente da república trata a doença que já matou milhares de pessoas no mundo, inclusive aqui, como se fosse um “resfriadinho” e vai às ruas incentivar aglomerações em prol da volta do regime militar. Quando a gente para e pensa em tudo isso ao mesmo tempo, parece surreal. Mas muita coisa poderia ter sido evitada na hora de votar. Nada disso é coincidência: tudo já aconteceu, está nos livros de história, está nas aulas de história, nos filmes, não tem como negar. E agora voltando ao título deste artigo “A Importância da Consciência Política, Histórica e Social” não é difícil compreender onde eu quero chegar: é preciso saber o que estamos fazendo com o nosso voto, e somente através da consciência política, social e histórica é que vamos compreender a importância que tem o nosso voto, e quando falamos em consciência política, isso não quer dizer somente estar por dentro das notícias, quer dizer que precisamos também compreender quais são os mecanismos que os sistemas políticos usam para se manter no poder, compreender seus discursos, contextos, e isso só é possível quando entendemos e aceitamos a história.
Não é por coincidência que o Brasil já chega perto dos 600 mil casos de COVID-19 ocupando o segundo lugar no mundo em casos por milhões: um presidente que coloca a religião acima dos fatos, que nega a ciência e incita aos seus “discípulos” a negarem também, que se elegeu com base em notícias falsas, nacionalismo extremo, conseguiu convencer uma parte da população de que um vírus que já se espalhou por quase todos os países, é uma “armação comunista”. Que falta faz que a população entenda do que se trata o comunismo. E de pensar que todos tivemos (ou deveríamos ter tido) aulas sobre comunismo também na escola.
A falta de noção do que está acontecendo hoje no Brasil se deve unicamente à falta de noção com relação ao que aconteceu no passado, e é para evitar reviver pesadelos como os de agora que devemos compreender os fatos e entender e aceitar que escolhas políticas interferem diretamente nas nossas vidas, por mais egoísta que sua escolha seja, uma hora a consequência chega até você também, e é preciso que a população entenda de uma vez por todas que nem tudo na vida é somente uma questão de opinião, e que política jamais será e jamais deverá ser levada como uma questão de opinião. Política é fato, é consequência, é cobrança, e muitas vezes pode significar, como agora, uma questão de vida ou morte.