Este cachorrinho da foto é o Neguinho. Ele é meu neném. Antes de falar sobre o assunto principal, quero confessar alguns fatos sobre o Neguinho, pois assim ficará mais fácil para as pessoas entenderem porque eu resolvi abordar este tema.
O Neguinho é um cachorrinho idoso, ele já tem mais de 10 anos, e está comigo e com nossa família desde o dia que nasceu. A sua mamãezinha era de raça poodle e o papaizinho dele sem raça definida, e ele é a cara do pai. Ele é parte da família, dorme onde quer, não gosta de sair para a rua, e não liga a mínima para os gatos da vizinhança. Quando eu chego em casa todos os dias, me espera no topo da escada pra me dar “oi”, me olhando com aqueles olhos enormes que parecem duas bolas de gude negras, balançando o rabinho, e quando eu me abaixo pra responder o “oi”, ele abaixa a cabeça para receber carinho. Também atende pelos apelidos carinhosos de gordo, gordinho, neném e titinho. Gosta de comer brócolis, batata-doce, maçã e quando vê um pedaço de mandioca cozida seus olhos brilham mais do que o normal. Ele é muito guloso, não pode ver ninguém comendo nada, e sempre me arranha pra pedir comida. Não é muito obediente, não faz nada do que eu mando, nada do que ninguém manda, na verdade ele pensa que é o dono da casa e que nós somos os seus servos: para trazer comida, água, dar carinho, dar banho… Mas é muito bonzinho, toma banho todos os domingos sem fazer mal-criação, quando precisa ficar em casa sozinho não rasga os sofás e não faz sujeira onde não pode. Agora… Quando era um filhote, tínhamos que amarrar as roupas no varal, literalmente, porque ele pensava que podia fazer o que quisesse com elas. Deve ter estragado umas duas ou vinte peças, mas eu nunca fiquei brava com ele. Não gosta que lhe mostrem a língua, fica com medo e resmunga. Gosta de dormir na minha cama, mas é espaçoso demais, inclusive não sei como um cachorro desse tamanho pode ocupar tanto espaço, acho que ele se dilata quando deita. Mas eu gosto que ele durma na minha cama, gosto que me arranhe, gosto até quando ele toma todo o espaço, porque é isso o que os cães fazem. Quando eu brinco com ele, quase sempre fico me perguntando como é possível amar um ser que nem pode falar. Mas ele não precisa falar, diz tudo o que precisa quando deita em cima da minha perna com toda a segurança e calma que ele sabe expressar, ou quando me espera no topo da escada. Muitas vezes penso em quanto tempo ele ainda vai ficar comigo, quando olho para a pelagem dele que parece ficar cada dia mais branca. Tenho medo do dia em que esse tempo vai se esgotar, mas me engano dizendo que esse dia nunca vai chegar. Eu só tenho a agradecer por ter um amiguinho tão fiel e bonzinho.
Quando uma pessoa pensa em ter um animal de estimação, ela tem que se perguntar o porquê disso. Se alguém pensa em ter um animal para proteger a casa, para mostrar para as pessoas que tem um animal de raça, para matar ratos, para assustar ladrão, melhor não ter. Um animal de estimação é alguém da família, eles nos amam da forma mais pura que existe. Ele vai envelhecer e não vai ter a mesma disposição de antes, e nem a mesma saúde. Você vai ter que se dedicar mais, ter mais paciência, vai ter mais gastos com veterinário e remédios. Muitas pessoas quando compram um animalzinho, ou mesmo adotam, se esquecem desses fatos, e quando o animal não atende mais às expectativas, dá para outra pessoa, devolve para a adoção ou abandona.
Porque é importante adotar?
No Brasil, Segundo dados da Organização Mundial Da Saúde, existem mais de 30 milhões de animais abandonados, sendo cerca de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Estes animais sofrem nas ruas passando fome, sede, sem abrigo da chuva e do sol, correndo riscos de serem atropelados, maltratados, sofrem com doenças, parasitas, e quase sempre as pessoas passam por eles como se fossem parte da paisagem: simplesmente não se comovem. Qual é a diferença de um animal de rua ou de um animal de raça? O preço? Pode o ser humano ser tão baixo em tratar os animais como se fossem “coisas”? Pode, e infelizmente é.
Claramente a adoção de animais não é uma solução para esses números assustadores, é preciso mais do que adotar, castrar e não abandonar, mas primeiramente a população precisa se conscientizar do que pode fazer para ajudar e do que só atrapalha, mesmo porque é uma questão de saúde pública.
Como Ajudar?
- Doe ração – muitas ONGs batalham para manter seus animais, e a ração que você doar, por menor quantidade que seja vai fazer diferença;
- Doe medicamentos – os medicamentos para animais são, na maioria das vezes, mais caros do que os nossos, então você pode doar medicamentos fechados, novos ou mesmo aqueles que sobrou quando o seu bichinho dicou doente, que ele não vai mais precisar;
- Doe jornais – as ONGs que cuidam dos animais sempre aceitam jornais para forrar o espaço onde os eles fazem sujeira, por exemplo;
- Doe produtos de limpeza – mais uma vez, ONGs e protetores batalham e têm muitos gastos, os produtos de limpeza normalmente têm preços mais baixos, e são de grande ajuda;
- Doe brinquedos e roupinhas para cães e gatos;
- Não tem tempo para doar estes itens? Muitas ONGs e protetores aceitam doações em dinheiro para arcarem com os gastos com veterinário, medicamentos, ração, etc.
- Seja voluntário! Ser voluntário é o máximo, porque além de ajudar, você tem contato com os animais, isso é uma verdadeira terapia. Muitas pessoas não sabem como se voluntariar, e eu vou dar uma dica: o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de São Paulo tem um projeto chamado Cãominhada CCZ, no qual aos domingos o espaço é aberto para você levar os cães para passearem. Basta se inscrever pelo site e se deliciar com o passeio, além de fazer bem aos cães, você também se exercita. A inscrição deve ser feita sempre antecedendo o domingo do passeio, e para os iniciantes há um tipo de “palestra” com todas as instruções. Além de ser voluntário para a Cãominhada, você pode se inscrever para ser voluntário fixo. O link para se inscrever é este: https://caominhadaccz.com/;
- Apadrinhe um animal.
A seguir, você encontra sites de algumas ONGs e associações que pode ajudar com doações, mais trabalho voluntário e também adotar um amiguinho! Cada um fazendo pouco, ajuda muito!