Olá menine, tudo bem? Hoje vamos falar de assunto sério? Chegou a hora de a gente conversar um pouco sobre o fast fashion e como encontrar um equilíbrio na nossa forma e ritmo de consumo de moda. Recentemente, falei aqui no blog sobre moda sustentável X moda consciente, sobre hábitos de consumo e sobre marcas populares com linhas de roupas sustentáveis – a preços populares também. Não há como mudar nossos hábitos para um consumo mais consciente sem falar das consequências do fast fashion para o planeta (e para nós mesmos). Por isso, hoje vamos dar start nesse assunto por aqui, pra entender melhor o quê e como podemos fazer para um consumo de moda com o menor impacto possível.
O que é o fast fashion?
Quando falamos em fast fashion, a própria tradução ao pé da letra é bem clara e descritiva. Moda rápida: é a moda feita pra consumir rápido – e consumir mais. O que o fast fashion faz é pegar as tendências, conceitos e peças de marcas renomadas (e caríssimas, vide aquele coturno polêmico da Prada que virou febre), e transformar em peças semelhantes (ou iguais) em produção de larga escala, a valores absurdamente mais baixos, pra globalizar o produto. Porém, quando falamos em fast fashion, o barato sai muito caro. Esse preço baixo só é possível por dois motivos: primeiro porque a qualidade é baixíssima, uma vez que o produto não é feito para durar, e sim, para vender. E o segundo motivo é o fato de serem produtos de alto giro, que geram muito mais poluição, gastam muito mais recursos, e viram lixo muito mais rápido. Para se ter uma noção, estima-se que, em média, peças produzidas para o fast fashion sejam usadas por cinco vezes (quando uma peça normal é usada por cinquenta vezes) gerando até 400% mais poluição do que a produção normal.
E não é só isso não: peças que são produzidas, e não vendem, são descartadas como lixo, literalmente. Recentemente foi descoberto no deserto do Atacama, no Chile, uma área contendo aproximadamente 39.000 peças de roupa, NOVAS. Não são vendidas em promoções, não são doadas, simplesmente viram lixo. E além do fast fashion, marcas renomadas também fazem isso (certas marcas de bolsas caríssimas até queimam seus itens para que, segundo eles, “não sejam replicados pela pirataria”).
Fast fashion não conversa com sustentabilidade
Você raramente vai ver uma marca de fast fashion preocupada com o meio ambiente, sua cadeia produtiva, ou com o bem-estar dos funcionários, portanto, dificilmente vai encontrar uma fast fashion com programas ou produções sustentáveis – é quase impossível unir sustentabilidade a uma moda descartável. Aliás, a tudo o que é descartável. Então cabe a nós, consumidores, termos a consciência do quê e de quem estamos comprando. Lembrar que, a cada peça de roupa nova, foram usados milhares de litros de água na sua produção, pesticidas, corantes, e outros produtos químicos poluentes, e que pra cada peça que chega até nós, foi preciso queimar combustíveis que liberam gases do efeito estufa.
O tipo de tecido que usamos pode ser mais um vilão nessa história. O próprio algodão é considerado um dos piores tecidos (e infelizmente, é o mais comum) por usar muitos pesticidas e agrotóxicos no processo de produção. Tecidos sintéticos, como o poliéster, podem levar até 200 anos para se decompor, além de liberarem os microplásticos, a cada lavagem, que vão para os oceanos, para os estômagos dos animais marinhos, e para os nossos estômagos também. Materiais e tecidos de origem animal, como a lã e o couro, liberam muito metano na sua produção, e usam substâncias cancerígenas aos trabalhadores. Ou seja, por diversos motivos, o modelo de fast fashion é completamente insustentável, além de altamente prejudicial.
Mas tem como acabar com o fast fashion?
Tem como acabar com o fast fashion? Olha, até tem, mas é muito mais difícil, principalmente quando estamos falando de países onde a desigualdade social grita (como aqui no Brasil). O fast fashion oferece peças a um custo bem abaixo do mercado, e por causa disso, acaba muitas vezes atendendo a um público de classes mais baixas, que realmente não tem condições financeiras de investir em peças de maior valor. Mas veja bem, eu disse “muitas vezes”, porque muitas blogueiras e digital influencers não só compram dessas marcas, como exibem os “recebidos” orgulhosamente, mesmo após certas marcas terem ocultado relatórios de sustentabilidade e responsabilidade social (algumas envolvidas, inclusive, em trabalho escravo). Agora eu te pergunto: será que essas blogueiras e influencers precisam comprar produtos a preços baixíssimos que obviamente escondem exploração de mão de obra? Será que, trabalhando com internet, muitas não sabem das polêmicas envolvendo essas marcas, ou apenas não se preocupam em indicar e mostrar esses produtos?
A oferta de produtos a valores baixos em sociedades onde as pessoas não tem condições financeiras pra obter uma qualidade maior, e as tendências de moda que se lançam a cada semana nos looks de influencers que ganham dinheiro com isso, são dois fatores que fortalecem o fast fashion. Então, enquanto nosso modelo de sociedade não estiver bem estruturado, dificilmente o fast fashion vai deixar de existir. Mas nós, como consumidores e como pessoas, podemos – e devemos – nos fazer mais conscientes no nosso consumo. É aquilo que eu sempre digo: se cada pessoa faz um pouco, no final a gente tem grandes revoluções.
Então, como devemos lidar com o fast fashion?
O fator principal pra que a gente possa evitar que esse modelo de consumo insustentável continue crescendo é ter consciência: o que estamos comprando? Que tecido é este? Como foi feito? Quem fez? Esta marca está envolvida em polêmicas? Por qual motivo é tão barato? Eu preciso mesmo disso? Como isso chegou até mim?
Parecem muitas perguntas pra se fazer e responder, mas hoje em dia é mais fácil sabermos da procedência de tudo o que compramos, pois temos ela, a maravilhosa, a internet. Então a dica principal é: pesquise. Use o mesmo celular que você está pesquisando itens de compra, para pesquisar sobre esta marca, sobre este produto. É assim que a gente começa a entender as coisas e perceber como nosso cuidado faz diferença.
E sempre se pergunte: eu preciso mesmo disso? A resposta pra essa pergunta simples, acredite, já me fez desistir e deixar de querer produtos por incontáveis vezes, por me dar conta de que eu realmente não precisava, e muitas vezes, queria porque algo ou alguém me convenceu de que eu queria, às vezes nem era uma vontade minha mesmo.
Dê preferência a marcas transparentes, que não escondem seus processos. Tem muitas marcas de roupas populares que trabalham de forma consciente, voltando recursos para práticas e programas sociais e de sustentabilidade, que atendem nosso país inteiro. Não é necessário comprar um produto da China com um preço absurdo de tão baixo e procedência duvidosa, quando temos marcas nacionais que entregam qualidade e comprometimento a preços acessíveis.
Compre em brechós! Comprando peças em brechós você encontra itens incríveis, únicos, cheios de estilo, a preços mais acessíveis, e como está comprando uma peça que já foi produzida, você vai ter uma peça nova (para você) sem gerar todo aquele gasto e poluição falados acima. Lá no Instagram do blog DMF tem um post todinho com dicas de brechós super legais, é só clicar aqui.
E agora eu quero saber de você: tem alguma dica para exercer um consumo mais consciente? Deixa aqui nos comentários.
Quem sou eu?
Oi! Eu sou Kátia Malagodi, criadora do DMF, publicitária, modelo, vegetariana, apaixonada por moda sem regras, beleza sem crueldade, livros e música. Criei o blog DMF em 2016 pra compartilhar algumas ideias, e de lá pra cá aprendi muito e me apaixono cada vez mais pelo que faço! Me siga no Instagram @katiamalagodi pra acompanhar mais dicas e conhecer um pouco da minha rotina sem rotina, e siga o @docemaldadefeminina também pra acompanhar dicas exclusivas do Insta! Te encontro por lá!